Resenha do Livro: “As Origens da Adoração Cristã”

As Origens da Adoração Cristã

Larry W. Hurtado é um historiador especialista em Novo Testamento. Leciona pela universidade de Edimburgo na Escócia nas matérias de Línguas, Literatura e Teologia. Entre seus livros estão “Um Deus, um Senhor”, “Antigo monoteísmo judaico” e “As origens da adoração cristã”, o qual este trabalho se propõe a estudar.

No trabalho analisado – “As origens da adoração primitiva” – Hurtado se propõe a investigar questões históricas que cercam o culto cristão primitivo. Suas ênfases são o contexto romano, com toda sua religiosidade, o judaísmo e a adoração cristã primitiva. Esta é a proposta dos três primeiros capítulos. No último capítulo, a proposta de Hurtado é trabalhar com o culto cristão contemporâneo.

Hurtado tem como escopo de trabalho analisar os dois primeiros séculos do movimento cristão. É colocado por ele que a principal atividade dos cristãos primitivos era a celebração do culto. A partir daí, ele procura uma compreensão do desenvolvimento inicial da devoção à Cristo, observando as práticas devocionais dos cristãos. O que é importante frisar é a perspectiva pela qual Hurtado se propõe a entender a adoração cristã. A grande pergunta feita pelo autor é o que o culto cristão tinha que o tornava “competitivo” com os demais sistemas religiosos da Era Romana, uma vez que tais sistemas eram extremamente sofisticados. O autor coloca que o cristianismo era muito menos imponente que a religião pagã, mas mesmo assim possuía seus adeptos.

É muito interessante a observação de Hurtado, que ressalta sim a presença de céticos em relação à religião mesmo na Era Romana – chamados de literali – , de forma semelhante aos dias atuais. Porém, é clara a maioria esmagadora de pessoas religiosas, que com regularidade e entusiasmo participavam das atividades relacionadas à religião. Existe um alerta importante do autor, pois muitas vezes estamos envoltos a uma sociedade secularizada, na qual a religião é um passatempo particular e cujo papel é limitado socialmente. No caso da religião do mundo romano é exatamente o contrário. Tudo indica uma participação entusiástica, inclusive com muitos relatos de favores e preces atendidas por parte das divindades. O que se compreende é que os deuses estavam em ação e a devoção à eles “funcionava”.

Logo na introdução, Hurtado cita um exemplo que nos revela a seriedade e profundidade do trabalho. O que significaria chamar Jesus de “senhor”? Embora os muitos significados que a palavra “senhor” possa ter em sua língua original, o autor entende que deve existir um entendimento da palavra dentro do contexto específico em que ela foi usada. Sem dúvida, este tipo de análise faz muito sentido, pois as palavras mudam de significado de tempos em tempos. Uma simples análise etimológica não teria precisão. O fato dos cristãos primitivos se dirigirem a Jesus como “senhor” em suas celebrações, possui mais um caráter específico do que uma conotação mais genérica.

Além das expressões verbais, analisar o culto dos cristão primitivos na perspectiva das manifestações religiosas da época possui grande importância. É ressaltado pelo autor que a orientação e o compromisso religioso das pessoa são expressos através do culto, o que é desprezado por alguns historiadores. Existem relatos que estes primeiros cristãos rejeitavam cultos aos deuses tradicionais, sofrendo grandes acusações. Eles, quando entregues aos tribunais, eram obrigado a certas práticas cultuais (invocação de deuses, oferecendo incenso à imagem do imperador e blasfemar contra Jesus). Por estas questões, Hurtado afirma a fundamental importância das práticas devocionais e sua análise para compreensão do cristianismo antigo, o que o autor faz com excelência.

Duas característica que permeiam todo o trabalho são: o exclusivismo do culto cristão primitivo, pois se desprezava o culto às divindades romanas e a exclusividade e devoção ao Deus da Bíblia e a Cristo. Os dois primeiros capítulos terão como premissa esta exclusividade. O terceiro capítulo, o foco será o “modelo binitário”, em que se debate como o cristianismo primitivo, com uma proposta monoteísta, entendia os dois papéis em sua adoração: Deus e Cristo. No último capítulo, Hurtado respaldado com todo seu conteúdo histórico da igreja e muito alinhado com os questionamentos contemporâneos, consegue discutir questões muito relevantes acerca dos dias atuais. Com críticas pertinentes, leva o leitor a questionar e se questionar sobre o culto prestado ao Deus da Bíblia.

O ponto mais atraente destacado por Hurtado, em minha opinião, é o que ele nos fornece quando trata do fervor dos cristãos primitivos, pois responde bem a questão do porquê o culto cristão conseguia seus adeptos frente a “concorrência”. Uma vez que os cristãos primitivos não tinham o mesmo “glamour” das religiões circunvizinhas, eles possuíam algo determinante para o sucesso do cristianismo. Em toda a simplicidade e na ausência de templos glamorosos, estes cristãos desfrutavam dos dons do Espírito de vários tipos, o que resultou em grande fervor e adoração. Era comum a sensação de encontro com o divino e êxtase religioso, o que compensou a ausência dos elementos e atividade marcantes nas festas pagãs, as quais muitos dos então cristãos abriram mão.

Inteligentemente, o autor se utiliza de instruções de Paulo as igrejas que caracterizam que era conhecido dos crentes este ambiente em que as experiências religiosas aconteciam. Os inúmeros dons dos coríntios, os “cânticos espirituais” de Efésios e Colossenses, além da instrução clara para “não apagar o Espírito” aos de Tessalônica. De fato os cristão entendiam que estavam experimentando as coisas celestiais, que tinham recebido o Espírito Santo. A “alegria” e o “regozijo” são palavras presentes no NT, alegria relacionada a experiência direta com Deus – “numinoso”.

O tipo de proclamação, como advertências sobre apostasia e salvação escatológica a se realizar no retorno de Cristo, são evidências de uma fé experiencial, cujo fervor estava presente. Este fervor para se sustentar devia ser cultivado de forma sistemática. A presença do desânimo e desorientação eram combatidos nos encontros, pois se tornavam momentos de renovar este fervor por meio da adoração, louvor e fenômenos que acompanhavam os cultos. A pesquisa de Hurtado nos mostra que estes cultos eram realizados de forma verdadeira e convicta pelos fiéis, que de fato criam que Deus estava vivo e se manifestava no meio deles.

O que vemos é um belo trabalho, no qual se percebe compromisso com os fatos e com as evidências de como a adoração neste período cristão primitivo se dava. O autor consegue traçar paralelos entre evidências históricas e textos bíblicos, o que traz para o leitor informações muito úteis para se fazer uma exegese correta do texto. Poderia citar outros grandes destaques da leitura, mas procurei concentrar-me nos que mais chamam a atenção e respondem melhor o que o cristianismo primitivo desfrutava em seus culto a ponto de torná-lo grandemente difundido. Sem dúvida, a resposta nos faz questionar se nosso culto possui a mesma “relevância” dos nosso irmãos dos primeiros séculos depois de Cristo.

André Anéas

Bibliografia:

HURTADO, Larry W.. As origens da adoração cristã. São Paulo: Vida Nova, 2011.

NOVA, Vida. Sobre o autor. , 2013. Disponível em: <http://www.vidanova.com.br/autores.asp?codigo=258>. Acesso em: 12 abr. 2014.

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Conclusão [Desqualificados!]

pecador arrependido

Jesus não veio para os sãos, os “amigos do dono da festa”, ele veio para os doentes, aqueles que são barrados na entrada. Ele veio para desqualificados!. Afinal, quem precisa ser salvo se não o que está condenado? Quem precisa de remédio se não aquele que está doente? Quem precisa de Cristo se tem a si mesmo para se gloriar? Quem precisa de um Deus de amor se o amor próprio é suficiente? Quem precisa ser justificado se já possui todas as justificativas em si?

No evangelho do reino de Deus, anunciado por Jesus, não pesa a tradição, a fama ou o status. Muito pelo contrário, em Cristo são aceitos os desqualificados!.

Espero que você seja um verdadeiro adorador de Deus, alguém quebrantado e humilhado na presença de Jesus, que compreendeu que nada se compara com o Senhor! Alguém que não se envaidece com as coisas deste mundo. Alguém que, em um momento de humilhação e injustiça, como as inúmeras situações que Paulo vivenciou, procura olhar para Cristo e ter o privilégio de se identificar com Ele em Seus sofrimentos. Privilégio de nos identificarmos com Ele, para que de alguma forma alcançar a ressurreição dentro os mortos e receber a recompensa dos “loucos” deste mundo que percebem todo sentido da vida em um Deus que ama a ponto de entregar Seu único Filho para morrer em uma cruz em favor de gente desqualificada!.

Se você se enxerga, entretanto, como alguém cheio de si, que confia em sua própria justiça, que você olhe para dentro de você e pense na sua última falha. Na última vez em que se viu incapaz. Naquela situação em que você não tinha saída. Na última noite mal dormida. Que você coloque a “mão” na consciência e perceba que, por melhor que você pense que é, por maior que seja sua reputação, sua fama, seu status, sua tradição, você não tem poder para vencer a morte, para explicar inúmeras coisas, a começar por si mesmo, nem para se salvar do próprio pecado.

Arrependa-se hoje. Se aceite como um desqualificado!. Alguém que carece de um salvador! Pois o Deus do nosso Senhor Jesus Cristo te ama com um amor eterno! Com um amor único, puro, santo. Receba, pela fé em Jesus, em Seu sacrifício e Sua ressurreição, a graça salvadora de Deus!

Agora, se você está sem esperança e se vê como um verdadeiro desqualificado!, o evangelho do Senhor Jesus é para você! Que Nele, você desfrute do alívio que Jesus nos dá, da alegria de viver que Ele nos fornece e se sinta amado, por um Deus que te conhece e já experimentou os desprazeres da nossa vida humana. Ele te ama com um amor imensurável e deseja que você seja mais que vencedor em Cristo Jesus (Romanos 8:37).

André Anéas

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1/10 – Introdução [Desqualificados!]

2/10 – Contexto [Desqualificados!]

3/10 – Confiança no Espírito ou na carne? [Desqualificados!]

4/10 – Exemplo de Paulo [Desqualificados!]

5/10 – Supremacia de Cristo [Desqualificados!]

6/10 – Perseverança em Ser Semelhante a Cristo [Desqualificados!]

7/10 – Exemplo [Desqualificados!]

8/10 – Inimigos da Cruz de Cristo [Desqualificados!]

9/10 – Cidadania Celeste [Desqualificados!]

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Cidadania Celeste [Desqualificados!]

céu

A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso. Portanto, meus irmãos, a quem amo e de quem tenho saudade, vocês que são a minha alegria e a minha coroa, permaneçam assim firmes no Senhor, ó amados! [20-4:1]

O fardo de se gloriar em si mesmo, de sempre se justificar, é muito pesado. Nos cansamos de fingir ser quem não somos. É algo que rouba nossa felicidade. Uma hora ou outra este fardo se tornará insuportável. Mas quem crê no poder de Deus para salvar terá alívio! Não precisará mais fingir, pois como alguém desqualificado! terá o consolo de um Deus que ama, um Deus que cura as feridas, que ressuscita os mortos e que fornece gratuitamente a salvação! Um Deus único, invencível, Todo-Poderoso, que nos ama e nos chama de filhos! A este Deus, o Deus do nosso Senhor Jesus, toda glória para sempre!

E este Deus haverá de, da mesma maneira como com o Filho, nos ressuscitar! Por isso, que nos esqueçamos de tudo que fica para traz, e tenhamos coragem para considerar tudo como esterco a fim de receber o prêmio do chamado celestial em Cristo Jesus! Avancemos em nossas vidas servindo ao Senhor com alegria e aos nossos irmãos com humildade, sabendo que como desqualificados! fomos salvos e a nós cabe sermos como Ele, humildes uns com os outros, para que naquele Dia, em que se manifestar o Filho de Deus, desfrutemos do privilégio de sermos chamados filhos de Deus, não em um mundo que privilegia e enaltece os qualificados, mas em um lugar, uma pátria celeste, como cidadãos do céu, um lugar em que o rei é Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Cordeiro Santo que foi morto e ressuscitado, aquele que tem o nome que está sobre todo o nome, Jesus, o Filho de Deus, a honra, a glória e o poder para todo o sempre, amém!

André Anéas

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Inimigos da Cruz de Cristo [Desqualificados!]

orgulho

Pois, como já disse repetidas vezes, e agora repito com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o seu deus é o estômago, e eles têm orgulho do que é vergonhoso; só pensam nas coisas terrenas. [18-19]

Paulo, muito embora tenha total compreensão do evangelho de Jesus, o qual desafiou e mudou toda sua história de vida, não tem para si orgulho ou vaidade da revelação que recebera de Cristo. Ao contrário, ele chora e se entristece ao ver gente envolta no engano. Ele sabe que estes “inimigos da cruz de Cristo” tem sua condenação garantida e sua postura frente ao erro é firme. Entretanto, Paulo não cai no mesmo erro deles, o de se orgulhar.

Semelhantemente, a Igreja não deve dar ouvidos a nenhum inimigo da cruz de Cristo. Aqueles quem desprezam o motivo maior da nossa justificação gratuita em decorrência de uma auto-justificação não são dignos de credibilidade, pois são inimigos da graça, inimigos de Cristo, inimigos do ato redentor de Deus e possuem ensinos que são uma armadilha para o povo de Deus. Mesmo assim, a Igreja deve ser equilibrada ao ponto de não se orgulhar em si mesma e não cair no mesmo erro dos orgulhosos que não necessitam da graça de Deus.

Devemos olhar para Cristo, que é o maior exemplo de humildade e obediência.

André Anéas

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Exemplo [Desqualificados!]

exemplo

Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e, se em algum aspecto, vocês pensam de modo diferente, isso também Deus esclarecerá. Tão somente vivamos de acordo com o que já alcançamos. Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que apresentamos a vocês. [15-17]

Diante de tal realidade que o apóstolo Paulo experimenta em Cristo, ele tem credibilidade para dizer: “sigam meu exemplo e vivam de acordo com este padrão”. Qual padrão? O padrão que está revelado em Cristo, de humildade.

Quão mais fácil seriam as coisas na igreja se todos seguissem este padrão! Se todos aqueles que estão envolvidos no Reino de Deus servissem a Ele com plena convicção que não tem motivos para se gloriarem em seus próprios feitos, em seu “atos de justiça”. Muito pelo contrário, certos de que participam da mesma graça que salva desqualificados! e, unidos Nele, servissem Aquele que é digno!

André Anéas

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