Religião de Pedras nas Mãos

A graça e a paz!

Domingo passado, dia 28/01/2018, tive o grande privilégio de compartilhar a Palavra de Deus na Igreja Batista da Graça. Sou muito grato ao professor e pastor Marcelo Santo pelo convite e aos irmãos desta comunidade que nos recebeu tão bem.

Falamos sobre o relato do evangelho de João no início do capítulo 8, em que uma mulher pega em adultério é utilizada como um mero objeto dos interesses egoístas dos religiosos da época de Jesus. Conseguimos perceber neste texto as diferenças entre a “Religião de Pedras nas mãos” e o evangelho de Jesus.

Que o Espírito Santo, Espírito de Jesus, nos ilumine para compreender as escrituras e formar em nós discípulos do Mestre. Que Deus nos livre de nos tornarmos religiosos.

nEle

André Anéas

Religião de Pedras nas Mãos

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Círculo Teológico-Filosófico

A existência do Círculo Teológico-Filosófico é algo que devemos estar convictos. Além disso, é fundamental nossa compreensão a respeito deste círculo. Fundamental porque para aqueles que estudam teologia e farão teologia, o não entendimento do círculo, ou ciclo, pelo qual o teólogo vai caminhar, acatando ou não preposições argumentadas, poderá acarretar em uma inocência passível de questionamento por parte dos receptores de sua teologia, sejam eles receptores de uma teologia prática ou “acadêmica”.

O filósofo tem por “vocação” o compromisso com a busca pela verdade. Esta “verdade” não é absoluta, pois sempre está passível de ser questionada, alterada, evoluída ou expandida. Devido ao seu compromisso com a verdade, cabe ao filósofo se abster de toda e qualquer influência sua ou de outrem que contamine os resultado de sua busca. Ao filósofo cabe se manter genérico e abstrato suficiente para que esta verdade se aplique de maneira essencial.

Levando em consideração que a filosofia tem desde seus primórdios o que consideramos “científico”, por levar em consideração métodos para se investigar a verdade (observação, empirismo, raciocínio), entende-se que o filósofo da religião deverá tratar deste tema – religião – com as mesmas premissas que cabem ao filósofo. Entretanto, nos iludiríamos se nos convencêssemos de que nada que o filósofo carrega em sua “bagagem” cultural influencia no resultado por sua busca pela verdade genérica e abstrata suficientemente capaz de suprir as expectativas válidas acerca da religião. Mesmo assim, o filósofo da religião possui sua vocação voltada para seu compromisso com a filosofia, e tudo o que este termo implica.

Paul Tillich critica o chamado “Teólogo Científico”, pois por ser teólogo tem em si – ou deveria ter – o compromisso (vocação?) para com a mensagem cristã. Ou seja, tendo ele um ponto de partida concreto e não sendo nada genérico ou abstrato, a ponto de buscar a verdade independente de suas convicções, ele quebra o que seria fundamental para o filósofo. O autor coloca que a tentativa deste “Teólogo Científico” de sobressair o Filósofo da Religião, porque busca imputar a mensagem cristã com auxílio de seu método, só pode ter dois resultados: 1. Ele é filosofo da religião, pois dilui a mensagem cristã em seu conceito de Religião, tornando o Cristianismo mais um caminho, atitude que, para Tillich, já tornaria seu acesso ao círculo teológico impedido; 2. Ele é – se torna – um Teólogo de fato, e busca atribuir suas verdades de maneira universal, fazendo parte do círculo teológico. Tillich entende que o “Teólogo Científico”, ao assumir a segunda posição deveria deixar de se colocar como científico e se assumir teólogo. Outra observação importante é que Tillich considera que o Teólogo Científico é na verdade um Filósofo da Religião.

Portanto, é possível compreender que o Círculo Teológico-Filosófico é para o Teólogo o momento em que ele passa a abrir diálogo para questões filosóficas – naturalmente científicas, dentro das mais diversas disciplinas – sendo colocado em “cheque”, pois se torna necessário rever e tomar posições sobre diversos assuntos teológicos. Para alguns, este “diálogo” é considerado saudável e muito proveito, muito embora Tillich tem uma posição crítica quanto a estes, pois acabam por ser Filósofos da Religião. Já outros, naturalmente mais ortodoxos, tendem a olhar este “desbravamento” e “idas e vindas” (círculo) do teólogo à filosofia – da religião ou não – com mais cautela, cientes de riscos de comprometer o compromisso inicial do teólogo: a mensagem cristã.

André Anéas / Cláudio / Orfeu

Bibliografia:

TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. 6. ed. São Leopoldo: Sinodal, 2005.